Por Thammy Luciano
A prática da atividade promove a autonomia e o bem-estar de crianças, jovens e adultos.
No dia 21 de março, foi celebrado o Dia Internacional da Síndrome de Down. A data tem como propósito recordar e conscientizar todos sobre a luta cotidiana pela equidade dos direitos e a inclusão das pessoas com Síndrome de Down. Visando promover a qualidade de vida e contribuir para desenvolver cada vez mais a autonomia, o esporte tornou-se uma ferramenta de inclusão para crianças, jovens e adultos. Entre tantas atividades, o futsal vem conquistando espaço e tornando-se uma das escolhas favoritas.
Dizer que o Brasil é o país do futebol, é uma unanimidade, mas também podemos declarar orgulhosamente que temos a melhor Seleção de Futsal Down do mundo. Há 15 anos, após ter se aposentado dos gramados, o ex-jogador do Corinthians, Cleiton Monteiro, passou a treinar a primeira equipe de futsal para pessoas com síndrome de Down. O time montado em parceria com o Corinthians e a Associação Paradesportiva JR, tornou-se referência no país e deu o pontapé inicial para a popularização do futsal Down. Pouco tempo depois, em 2011, Monteiro assumiu o dever de montar a Seleção Brasileira de Futsal Down, que conquistou seu primeiro título em 2019.
Seleção Brasileira de Futsal Down na conquista do bicampeonato mundial. Reprodução: (Foto: Marcos Riboli)
Em 2022, a equipe masculina de futsal Down foi bicampeã mundial contra os maiores rivais do Brasil, a Argentina. O torneio que aconteceu em Lima, no Peru, foi conquistado pelos brasileiros com o placar de 5 a 1, concretizando o talento e a qualidade da equipe invicta em cinco jogos. Em entrevista ao Terra, em março de 2022 por Rosana Ferreira, Cleiton Monteiro disse que os atletas com Down passam por treinamentos próximos aos de times profissionais e o cuidado com o grupo é um diferencial.
Inclusão
A prática do esporte traz inúmeros benefícios para a pessoa com a Síndrome de Down. Além de melhorar a qualidade de vida, o futsal trabalha a coordenação, o desenvolvimento cognitivo, o psicológico, ajudando a aprender a ganhar, perder e lidar com seus sentimentos, e contribui para o bem-estar social, uma vez que estar em grupo leva o atleta a interagir com outras pessoas, aprendendo a trabalhar em equipe. O futsal como ferramenta de inclusão social, de acordo com Claudete de Lima, Coordenadora do Centro Síndrome de Down de Campinas, em entrevista ao Correio Popular em março, é um método eficaz no desenvolvimento de crianças, jovens e adultos.
Apesar da promoção da inclusão social através do esporte, o futsal Down enfrenta uma luta diária para manter as atividades e permitir que os atletas de equipes masculinas e femininas continuem em ação e participando de competições. A falta de incentivo e investimento prejudica os times. Embora a Seleção Brasileira de Futsal Down tenha destaque mundial, para participar do campeonato em que conquistou o segundo título foi necessário arrecadar recursos a partir de uma vaquinha virtual, para as passagens aéreas, hospedagem e alimentação dos atletas. Além disso, por não fazer parte do programa paraolímpico, o futsal Down encara dificuldades para receber apoio e ganhar visibilidade.
Ainda que a luta pela equidade seja cotidiana, o futsal Down sobrevive e segue firme, criando um legado e compondo uma história de vitórias. O suporte inicial de Cleiton Monteiro e daqueles que acreditaram em seu projeto, foi e é fundamental para que crianças, jovens e adultos com Síndrome de Down sigam praticando esportes e vivenciando novas experiências.
Conheça o Futsal Down
Equipe de Futsal Down criando em parceria com a Ponte Preta em 2019. Reprodução: (Foto: Marcos Riboli)
Ponte Preta S21
O projeto em parceria com a Ponte Preta, equipe de futebol de Campinas, teve início em 2019 e conta com mais de 50 atletas a partir dos 6 anos de idade, nas categorias de futsal masculino e feminino. As atividades são gratuitas e mantidas a partir de trabalho voluntário de profissionais de educação física, pais e amigos.
Integrante do FutDown Hortolândia ao lado de Marcos Leonardo em visita ao CT Rei Pelé. Reprodução: (Raul Baretta/ Santos FC).
FutDown Hortolândia
A equipe mantém atividade na cidade de Hortolândia, São Paulo. O projeto iniciado pela prefeitura da cidade foi criado para promover a inclusão social e atende crianças e jovens de diversas idades.
Atletas do Projeto Up ao lado de Maicon durante a visita ao CT Rei Pelé. Reprodução: (Raul Baretta/ Santos FC).
Projeto Up/Santos
A iniciativa visa promover interações e socializações para pessoas com deficiência através do esporte. O Projeto Up reúne mais de 50 atletas, sendo 20 com Síndrome de Down.
Referências:
- https://correio.rac.com.br/esportesja/campe-es-no-esporte-e-na-vida-1.1354500
- https://pontepretas21.com.br/
- http://cbdi.org.br/category/futsal/
- https://www.terra.com.br/nos/conheca-a-historia-do-time-bicampeao-mundial-de-futsal-down,a4cf265efe08fd3b3eaa5a76a43ca5155e4mzht3.html
- https://revistasoberana.com.br/2023/03/21/brasil-tem-a-melhor-selecao-de-futsal-down-do-mundo/
- https://www.leiaja.com/esportes/2020/04/06/futsal-down-e-exemplo-de-inclusao-no-brasil/
- https://correio.rac.com.br/esportesja/ponte-preta-s21-time-criado-para-driblar-o-preconceito-1.1303767
- https://www.tjdft.jus.br/informacoes/programas-projetos-e-acoes/pro-vida/dicas-de-saude/pilulas-de-saude/dia-internacional-da-sindrome-de-down-entenda-a-origem-e-a-importancia-desta-data#:~:text=Celebrado%20no%20dia%2021%20de,(ONU)%2C%20em%202011.