Ao abordarmos a inclusão das pessoas com deficiência, imediatamente vem à mente a constante evolução tecnológica que vivenciamos e como esses avanços progridem a favor da acessibilidade online. Tais recursos podem ser oferecidos por empresas, instituições veiculadoras de conteúdo e prestadores de serviço para o público com deficiência ter acesso ao seu material sem impedimentos. O que pouco se sabe é que existe uma publicação internacional de diretrizes que indicam as melhores formas de se proporcionar a acessibilidade para os mais diversos veículos de informação da internet. Essa publicação consiste nas WCAG (Web Content Accessibility Guidelines, ou em tradução livre, Diretrizes de Acessibilidade para o Conteúdo da Web).
As WCAG foram criadas pelo W3C (World Wide Web Consortium), que é um consórcio internacional com mais de 450 membros, incluindo equipes em tempo integral e organizações filiadas, trabalham juntos para o desenvolvimento de padrões para a Web, tanto para a criação quanto para a interpretação de conteúdos. As diretrizes foram lançadas pela primeira vez em 1999. Posteriormente, em 2008, uma atualização foi lançada e denominada WCAG 2.0, e 10 anos depois, em 2018, publicou-se a versão mais recente até hoje, a WCAG 2.1. Atualmente, a WCAG 2.2, uma nova versão, está em fase final de elaboração e sua versão preliminar está publicada desde o dia 20 de julho no site da W3C (https://www.w3.org/TR/WCAG22/). Comentários de feedback a respeito das atualizações deverão ser entregues pelos membros do Comitê Consultivo do W3C até o dia 18 de agosto.
De modo geral, essas diretrizes compõem uma série de orientações a programadores, designers e criadores de conteúdo para tornar o site acessível. Em cada atualização, as diretrizes acompanharam as evoluções que as redes de comunicação sofreram, sendo a mais ampla em 2018, quando os critérios passaram a considerar o acesso à internet a partir de dispositivos móveis. Na WCAG 2.1, estão elencados 4 princípios essenciais para a acessibilidade digital.
Perceptível
Os conteúdos dos sites devem ser perceptíveis para todos os usuários, independentemente de suas habilidades sensoriais. Isso significa que o conteúdo deve ser apresentado de mais de uma forma, por exemplo, com legendas para vídeos, descrição de imagens e um código de HTML que seja acessível por leitores de tela.
Operável
Os sites devem ser operáveis para todos os usuários, sem ter em conta suas habilidades motoras ou cognitivas. O site deve ser navegável pelo teclado, a velocidade de carregamento deve ser equilibrada e o uso de cores e iluminação deve ser moderado.
Compreensível
Os conteúdos dos sites devem ser compreensíveis para todos os usuários, a despeito de suas habilidades linguísticas ou de leitura. O conteúdo deve ser escrito de forma clara e objetiva, usando linguagem simples, uma fonte de texto legível e evitando expressões idiomáticas ou jargões.
Robusto
Os sites devem ter um HTML com codificação capaz de não só funcionar adequadamente a partir da navegação por teclado, como também ser compatível com tecnologias assistivas, como leitores de tela ou softwares de ampliação de tela. Ao falarmos em código robusto, faz-se referência a um código bem feito e otimizado para o melhor desenvolvimento e implementação das funcionalidades.
Cada princípio das WCAG possui seus próprios critérios de sucesso. Cada critério de sucesso, por sua vez, é avaliado segundo o nível de conformidade, que pode ser A, AA ou AAA. Por exemplo:
Princípio perceptível: 1.2.4 – Legendas (ao vivo) [AA]: Qualquer conteúdo ao vivo que contenha uma faixa de áudio (seja apenas áudio ou vídeo) deve possuir legenda.
O nível A é o nível mais básico de conformidade. Os critérios de sucesso do nível A são mais simples, sendo destinados a remover somente as barreiras mais significativas de acessibilidade. Já o nível AA é intermediário e seus critérios de sucesso são mais específicos e, por conseguinte, destinados a garantir que o conteúdo da web seja acessível para a grande maioria dos usuários com deficiência. Por fim, o nível AAA é o nível mais avançado de conformidade. Seus critérios de sucesso são bem mais refinados e detalhados, sendo, portanto, destinados a garantir que o conteúdo da web seja acessível para todos os usuários com deficiência.
Se você quer que seu site ou que o conteúdo que você está produzindo seja acessível para todos os públicos, conhecer as WCAG é essencial. Todas as versões publicadas estão disponíveis para consulta na íntegra no próprio site da W3C. Por fim, se você está construindo uma página e quer saber se ela atende determinados critérios de sucesso, você pode contar com a ajuda de algumas ferramentas capazes de avaliar o código-fonte. Uma delas é a Lighthouse, uma ferramenta de código aberto do Google que pode ser executada em qualquer página da web, pública ou privada. Ao fornecer uma URL para o Lighthouse, ele realiza uma auditoria e gera um relatório apontando e explicando melhorias que podem ser trazidas para o desempenho, a acessibilidade, SEO, entre outros. Dessa forma, é possível proporcionar a inclusão de todos os usuários, sem causar impedimentos ao seu acesso.
Referências: