Por Ana Beatriz Silva
O teatro é uma expressão artística presente na sociedade desde a Grécia antiga, se desenvolvendo ao longo da história e se adaptando a diferentes realidades. São manifestações que contam histórias cotidianas, trazem lições e atuam como campo para liberdade de expressão. Além das falas e trilha sonora, os atores se apoiam nos cenários, figurinos e expressões corporais, pontos visuais que compõem o espetáculo como um todo. É aí que a acessibilidade entra em cena, trazendo a audiodescrição como ferramenta de auxílio para deficientes visuais.
Segundo dados do IBGE, existem mais de 6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência visual no Brasil. Nesse cenário, a audiodescrição permite que o telespectador acompanhe o espetáculo de forma integral, recebendo descrições ao mesmo tempo que as coisas acontecem. Com informações precisas e bem distribuídas, não atrapalha o entendimento das falas e dos outros sons, literalmente traduzindo as imagens em palavras.
A peça “Voz de Vó”, com direção de Sara Antunes e supervisão de Vera Holtz, é uma obra que aborda a perda de memória e o lúdico de cada ser humano. Sara interpreta a avó que, com Alzheimer, sai em uma jornada em busca de suas memórias com ajuda de seus netos. Conta com representação dos netos adultos e também de suas versões crianças, não seguindo uma cronologia no tempo, se construindo através dos cenários criados por eles como tentativas de justificar as falhas e ausência da avó durante a vida.
Na sexta-feira (19), a peça foi exibida no Teatro Sesi, em Campinas, oferecendo acessibilidade através da participação da SHOWCASE na produção de Audiodescrição e Libras durante todo o espetáculo. Uma cabine à prova de som foi montada no fundo do teatro e fones de ouvido foram disponibilizados para pessoas portadoras de deficiência visual. Sincronizado em cada fone, a Audiodescrição era enviada direto da cabine aos ouvintes.
O espetáculo é repleto de movimentos, com os atores correndo pelo palco, tocando instrumentos, dançando e fazendo mímicas. Junto das falas e das músicas, o conteúdo visual é de extrema importância para compor as cenas. O envio das descrições foi constante, tentando captar o máximo possível de tudo que acontecia, mas sempre tentando não transpor o que era dito ou tocado pelos atores. As descrições foram dos personagens em si, traçando as características físicas de cada um e seus figurinos. Também do cenário e do telão ao fundo, com desenhos e cores que mudaram durante o espetáculo. Por último, das ações de cada personagem, variando entre brincadeiras, danças e corridas.