Por Sofia Wu
Em todo o país, 60% alegaram que as compras on-line já tornaram-se um costume para eles. Dentro dessa porcentagem, 37% adquirem produtos a cada mês e 23% a cada 15 dias. Em relação à modalidade de consumo presencial, no qual é necessário o deslocamento do comprador até o local, constatou-se que 61% têm o hábito de irem, semanalmente, a redes de supermercados, enquanto que 37% vai, mensalmente, a drogarias e farmácias. Quanto ao segmento dos shoppings centers, 29% estão acostumados a frequentar esse tipo de estabelecimento, à procura de itens ocasionais de consumo, ao passo que 21% vai só quando precisa. Todos esses dados foram divulgados em 2020 pela Artvac e são referentes a uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) em conjunto com a Toluna, em que foram entrevistados 892 consumidores, com o intuito de levantar estatísticas acerca dos hábitos de compra da parcela da população que possui algum tipo de deficiência.
Esses números comprovam que, apesar do que faz parte do imaginário da maior parte dos indivíduos, Pessoas com Deficiência, assim como todos os cidadãos, podem, sim, viver a vida de forma ativa e “normal”, indo às compras, por exemplo. Como seres humanos que dependem da acessibilidade para poderem ter uma vida em que as dificuldades, que enfrentam diariamente, sejam “amenizadas”, mesmo que um pouco, a acessibilidade configura-se como uma prioridade para eles quando vão consumir algum produto ou serviço. Não só nos locais, na hora da compra, a acessibilidade também precisa estar no “pós-compra”, quando o usuário, após ter adquirido o item, dedica um tempo para abrir a embalagem do produto e, assim, utilizá-lo. Mais uma vez: a acessibilidade também precisa estar presente nesse momento.
Para isso, há um termo específico que dá margem para que esse aspecto seja levado em conta pelos profissionais: é o “Design Inclusivo”. O conceito por trás do Design Inclusivo, apresentado com mais detalhes no site de mesmo nome, é pautado na seguinte proposta: “É sobre projetar produtos pensando em necessidades específicas de pessoas com deficiências permanentes, temporárias, situacionais ou mutáveis de acordo com suas respectivas situações, ou seja, na verdade é projetar pensando em todos nós”. Em resumo, é sobre “colocar as pessoas em primeiro lugar”. O site ainda afirma que, no processo de desenvolvimento do produto ou solução, os profissionais envolvidos (designers, profissionais de UX, conteudistas, desenvolvedores, criadores, inovadores, artistas, pensadores, entre outros) devem ser contemplados com uma visão e abordagens ao Design Inclusivo amplas.
Durante todo esse movimento, que inicia-se com a idealização do produto ou serviço e segue até o momento em que chega ao usuário, as pessoas devem estar na mente da empresa. Todos devem ser atingidos pela marca. Para a etapa do “unboxing”, sensibilidade e cuidado devem ser postos em prática na concepção da embalagem, que deve ser acessível para todas as pessoas, o que não significa deixar de lado a criatividade. Ao entregar um produto, também são entregues os valores e atitudes da marca, e a experiência “pós-compra” do usuário deve ser positiva. A embalagem inacessível de um item desejado pode gerar frustrações a um consumidor com expectativas, bem como um produto que demande um funcionamento complexo.
Uma peça com uma embalagem acessível não pode ser útil só para PcDs, mas também para idosos, crianças, pessoas com doenças reumáticas ou doenças raras e canhotos, desmistificando a ideia de que a causa de existirem poucas no mercado é o fato de não haver consumidores o suficiente precisando delas. Pelo contrário, as embalagens com design inclusivo são para todo mundo, sendo acessíveis para quem necessitar.
Vamos ver alguns exemplos?
1. Xbox Adaptive Controller (em português, “Controle Adaptativo do Xbox” ou “Controle Xbox Adaptável”), da Microsoft
2. Degree Inclusive, o primeiro desodorante, no mundo, projetado para Pessoas com Deficiência, da Unilever
3. Aché Laboratórios
Impressão em Braille em todas as suas embalagens de medicamentos. A marca foi precursora no Brasil.
Bula de seus remédios disponível em áudio, visando auxiliar clientes idosos, analfabetos ou com perda de visão. A funcionalidade pode ser solicitada nas farmácias ou obtida pela internet.
4. Implementação do QR Code na embalagem do Coco Pops, da Kellogg´s.
5. Impressões tateáveis para diferenciar shampoo e condicionador, da Herbal Essences. No primeiro, são listras e, no segundo, círculos.
6. Embalagens que não necessitam de pressão ou força nas mãos para uso, pensado para pessoas com dificuldades motoras, da Rare Beauty, marca de maquiagem criada pela artista norte-americana Selena Gomez.
Referências das informações
HARADA, Eduardo. A Importância da Acessibilidade na Embalagem dos Produtos. Disponível em: https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/119607-a-importancia-da-acessibilidade-na-embalagem-dos-produtos.htm. Acesso em: 30 jun. 2022.
ARTVAC. Como as embalagens dos seus produtos podem ser mais acessíveis? Disponível em: https://artvac.com.br/embalagens-acessiveis/. Acesso em: 30 jun. 2022.
INDUMAK. Como as Embalagens Acessíveis Impactam a Experiência de Pessoas com Deficiência (PcDs). Disponível em: https://blog.indumak.com.br/como-as-embalagens-acessiveis-impactam-a-experiencia-de-pessoas-com-deficiencia-pcds/. Acesso em: 30 jun. 2022.
INCLUSIVO, Design. Sobre estes princípios. Disponível em: http://designinclusivo.com/. Acesso em: 04 jul. 2022.
SGBR, Equipe. Confira tudo sobre o lançamento da “Rare Beauty”. Disponível em: https://selenagomez.com.br/2020/09/03/confira-tudo-sobre-o-lancamento-da-rare-beauty/. Acesso em: 30 jun. 2022.
KAPPA, Smurfit. Como as embalagens podem ajudar no encantamento de clientes. Disponível em: https://www.smurfitkappa.com/br/newsroom/blog/como-encantar-cliente. Acesso em: 30 jun. 2022.